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Entenda por que o preço do café deve aumentar ainda mais em 2025 no Brasil

Condições climáticas comprometem safra. Alta de preços favorece produtores, mas prejudica torrefações e tradings

O Brasil alcançou, em 2024, um recorde na exportação de café, com o envio de 50,5 milhões de sacas de 60 quilos ao mercado internacional, um crescimento de 28,8% em relação ao ano anterior, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Já os preços dispararam: nos primeiros dias de janeiro, o quilo do grão chegou a R$ 50,00, um aumento de 33% em comparação com o ano passado, segundo dados do IBGE.

O Mundo Agro dá continuidade à rodada de conversas com especialistas que acompanham e analisam o mercado do agronegócio brasileiro. Novamente, o Radar Agro, do Itaú BBA, traça um cenário do café brasileiro para o blog.

Confira o meu bate-papo com Francisco Queiroz, analista da consultoria Agro, do Itaú BBA.

Mundo Agro: Como será a safra 25/26?

Francisco Queiroz: Nos últimos anos, o clima tem desafiado frequentemente os produtores e as lavouras de café. Aqui no Brasil, com episódios de geada, chuva de granizo, ondas de calor extremo e, principalmente, longos períodos de seca. E, pelo quinto ano consecutivo, a safra brasileira de café não deve atingir seu potencial. Dessa vez, associado ao longo período de seca que vivemos em 2024, algumas lavouras ficaram de seis a sete meses sem receber chuva. Isso comprometeu de maneira importante o pagamento das floradas das lavouras de arábica e, por consequência, vai afetar a produtividade dessas lavouras.

Mundo Agro: Qual é a estimativa de sacas e qual percentual? Será menor em comparação com a safra anterior?

Francisco Queiroz: Para a safra 25/26, nós estimamos uma produção total de 64,4 milhões de sacas, sendo 40,9 milhões de sacas de arábica e 23,5 milhões de sacas de robusta. Assim, o total a ser colhido deve ser 3% menor em relação às 66,4 milhões de sacas estimadas para a safra 24/25. Ou seja, uma queda de 3% sobre a safra anterior, considerando o volume total de café.

Mundo Agro: E qual será o preço? Será desafiador? Se sim, por quê?

Francisco Queiroz: Nós acreditamos que o cenário é de preços firmes para o café, podendo até subir mais. A gente tem visto o mercado subindo bastante nos últimos dias, mas isso pode até escalar de forma mais acentuada, porque temos a questão da safra do Brasil, um mercado global mais restrito, com a redução dos estoques – estoques baixos, na média histórica, ao nível global. Isso tem sustentado o mercado.

Para os produtores, na média, deve ser um ano muito favorável, por conta dos preços mais altos, mas principalmente para aqueles que têm lavouras irrigadas, pois esses acabam sofrendo menos os impactos do clima adverso, além de poderem aproveitar um mercado com esses altos preços de venda.

Por outro lado, o cenário mais desafiador é para as torrefações e tradings, que compram esse café. Elas terão que pagar mais caro pela matéria-prima, além da dificuldade de um cenário macroeconômico mais complexo, com juros altos.

Fonte: R7

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