Dos 13 estados em que ainda há disputa pelo segundo turno, apenas três candidatos declaram apoio ao petista Fernando Haddad
Depois de rodarem o Brasil no primeiro turno, Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL) adotam, no segundo turno, estratégia diferente: dão prioridade a encontros e negociações em suas bases eleitorais. Bolsonaro por motivos mais evidentes: ainda se recupera do ataque sofrido em Juiz de Fora e foi desaconselhado pelos médicos a viajar pelo país. Haddad, por sua vez, vem se dedicando a costurar apoios com grandes nomes da política e da economia. Além disso, os dois candidatos enfrentam uma maratona para a gravação de seus programas eleitorais.
Fato é que, longe dos estados, os dois adversários deixam campo aberto para que os próprios candidatos a governador organizem sua agenda de apoios. E, em mais esta frente, Bolsonaro leva clara vantagem sobre seu adversário. Dos 13 governadores que se elegeram no primeiro turno, sete apoiam o candidato petista, mas a vitória naturalmente desmobiliza sua dedicação para a conquista de votos até o dia 28.
Nos 14 estados que ainda têm disputa pelo governo, apenas três candidatos declararam abertamente apoio em Fernando Haddad — Fátima Bezerra (PT-RN), Belivaldo Chagas (PSD-SE) e João Capiberibe (PSB-AP). Bolsonaro recebeu o apoio de 15 postulantes, entre eles os dois adversários de estados como Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Rondônia. Outros 10 candidatos decidiram se manter neutros ou não definiram apoio.
Na análise partido a partido, Fernando Haddad tem outra leva de desafios: mesmo dentro das legendas que lhe declararam apoio, há dissidências. Um dos principais exemplos é o PDT de Ciro e de Cid Gomes. O racha foi escancarado na noite de segunda-feira, quando Cid afirmou que a falta de um mea culpa levará o PT à derrota. Nacionalmente, apenas 56% dos eleitores que votaram em Ciro Gomes no primeiro turno pretendem escolher o petista no segundo.
O PDT tem quatro candidatos a governador no segundo turno: Waldez Góes (Amapá), Amazonino Mendes (Amazonas), Odilon Oliveira (Mato Grosso do Sul) e Carlos Eduardo (Rio Grande do Norte). Desses, nenhum seguiu a recomendação da bancada ao declarar apoio a Haddad, e três passaram a apoiar seu adversário — Amazonino Mendes, Juiz Odilon e Carlos Eduardo.
Em outro partido aliado de Haddad no segundo turno, o PSB, a situação é semelhante. Importantes cabos eleitorais, como o Márcio França, em São Paulo, decidiram se manter neutros na disputa do segundo turno.
Em nenhum dos estados a situação é definitiva, claro. Faltando 11 dias para a decisão da corrida eleitoral, os candidatos que se mantêm em cima do muro podem pender para um lado ou para outro, a depender dos ventos das pesquisas. Nesta quarta-feira estão previstos novos levantamentos do Vox Populi e do Paraná Pesquisas. Amanhã sai a nova rodada do Datafolha, que pode dar algum sopro de esperança a Fernando Haddad, ou pode confirmar que só um milagre nacional — ou 27 milagres estaduais — pode virar o jogo a seu favor.
Fonte: Exame
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