A reitoria da Universidade Federal de Pernambuco acionou a Polícia Federal e Ministério Público Federal nesta quarta-feira (7) para apurar ameaças a professores e alunos da instituição a partir de intolerância política.
O texto apócrifo, com ataques e citações nominais, deixado em alguns pontos na noite desta terça-feira (6) do Cefich (Centro de Filosofia e Ciências Humanas), diz que “doutrinadores esquerdistas serão banidos em 2019”.
Na carta, que causou apreensão no campus universitário, alunos e professores são chamados de “veados”, “comunistas”, “feminazis”, “invasores”, “prostitutas”, “degenerados” e “defensores de travecos”.
Os professores mencionados abordam em suas aulas questões de gênero, políticas de drogas, desigualdades, violência e conflitos sociais.
A carta, conforme relato de professores, foi colocada inicialmente por baixo da porta do Diretório Acadêmico de História e colada em alguns pontos.
Ao perceberam que se tratava de uma ameaça, alunos arrancaram o papel da parede. O texto viralizou rapidamente no WhatsApp.
Na manhã desta quarta-feira, o reitor da UFPE, Anísio Brasileiro, informou que já foi instaurada uma sindicância, com apoio da segurança institucional da universidade, para investigar as ameaças.
“A universidade é contrária a qualquer cerceamento a liberdades individuais e de livre expressão de opinião. É um espaço de liberdade e de democracia. Esse tipo de ação vai de encontro aos valores universitários”, declarou.
Ele afirmou aguardar que o Ministério Público Federal e Polícia Federal apurem com rigor o caso relatado.
Referência no Brasil em pesquisa na área de segurança pública, o professor do departamento de Sociologia da UFPE e coordenador do programa de pós-graduacão, José Luiz Ratton, é um dos professores citados.
Em sua conta no facebook, postou que o objetivo de quem faz esse tipo de ameaça é espalhar pânico e desinformação.
“Os ataques dirigidos a nós são, fundamentalmente, ofensas às várias e desejáveis formas de afirmação da cidadania brasileira, à autonomia da universidade pública, às liberdades civis e à democracia”, relatou.
Ele diz esperar que as autoridades superiores da UFPE e dos governos estadual e federal cumpram as tarefas definidas pela lei.
“Vamos continuar pesquisando, estudando, ensinando, aprendendo, participando e exigindo nossos direitos e nossas vidas”, disse.
Fonte: Folha Press
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