Atraídos reciprocamente para uma fusão na tentativa de evitar um emagrecimento das duas siglas, e enquanto debatem o grau de governismo da futura legenda, DEM e PSL consultaram marqueteiros para encontrar marca própria e um novo batismo.
Com a fusão próxima de ser concretizada, e enquanto buscam aparar arestas sobre disputas regionais e posicionamento em relação ao governo, as cúpulas de DEM e PSL passaram os últimos dias estudando possibilidades de nome e marcas do futuro partido. Marqueteiros próximos às duas legendas foram chamados para opinar e fazer pesquisas que cheguem à nova identidade. Entre as possibilidades já ventiladas pelos dirigentes estão DS, abreviação de Democrata Social, e BEM, Brasil em Movimento.
Os dirigentes dizem querer que a nova marca represente o que consideram a “essência” dos dois partidos, atualmente nominados de Democratas e Partido Social Liberal. Os marqueteiros contatados foram previamente instruídos a trabalhar com as palavras “união”, “liberal” e “democrático”, segundo noticiou o colunista Lauro Jardim.
Além das combinações entre essas palavras, outras possibilidades são Vox, que significa voz em latim; Liberal Democrata; MUDE, abreviação de Movimento da União Democrática; Mais Brasil; Somos Brasil e União Brasil. A logo do novo partido deve ter as cores azul, verde e amarela e elementos da bandeira nacional.
Já em relação ao número para a nova legenda foram pensados 88, 66, 60, 44 e 21, entre outras opções. No entanto, a tendência é que o futuro partido mantenha nas urnas o 17, do PSL, ou o 25, do DEM.
O levantamento inicial de opções foi concluído ontem, mesmo dia em que a executiva nacional do PSL aprovou por unanimidade a fusão com o DEM. O nome do partido, porém, deve só ser definido na Convenção Nacional Conjunta das siglas, marcada para 6 de outubro. O evento, que ocorrerá em Brasília, vai sacramentar a fusão dos dois partidos. Será nessa ocasião que os projetos comuns do estatuto e da futura legenda também serão aprovados.
O vice-presidente do PSL São Paulo, o deputado federal Junior Bozzella, defensor de que a nova alcunha tenha as palavras “social” e “liberal”, afirma que a discussão para o nome do futuro partido ainda é embrionária.
— Acho que equacionando esses pontos (sobre a fusão), a gente vai entrar nessa pauta — afirma Bozzela. — Partido não é embalagem, não é produto de marketing. Partido é sentimento, é essência, é conjunto de ideias. Nós somos democratas, esse é o programa que a gente defende. E nós somos sociais liberais.
Além de ajustar questões estaduais, os dois partidos terão que entrar num acordo sobre o posicionamento da nova sigla em relação ao governo Bolsonaro. Ontem, Bozzella reagiu a recente declaração do presidente do DEM, ACM Neto, segundo quem não haverá “constrangimentos” caso filiados e diretórios estaduais do novo partido decidam adotar postura de apoio a Bolsonaro agora e em 2022. Formalmente, os comandos de DEM e PSL, porém, afirmam que a intenção é ter candidato próprio ao Planalto.
“(Ter candidatura própria a presidente) Não significa que a gente pretenda estabelecer qualquer tipo de constrangimento para as lideranças e figuras do partido que eventualmente em seus Estados tenham uma situação distinta da nacional”, disse ao “Estadão” ACM Neto, que será secretário-geral da futura legenda.
Bozzella e outros políticos fazem parte da ala do PSL que rompeu com o presidente e avaliam que fazer oposição a Bolsonaro é parte inegociável da fusão. Já ACM Neto pretende ser candidato a governador da Bahia enfrentando o PT, e mantém postura de cautela para não se confrontar diretamente com Bolsonaro. Outros líderes do DEM apoiaram, junto com o Planalto, a eleição de Arthur Lira para presidente da Câmara, e são hoje próximos do governo.
Fonte: O Vale
Deixe um comentário