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Para IBGE, população ocupada cresce com indicadores que apontam mais qualidade do emprego

A melhora no mercado de trabalho tem influência tanto da sazonalidade favorável quanto da atividade econômica aquecida, sobretudo em setores de serviços, avaliou Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O avanço da renda e abertura de novas oportunidades na formalidade sinalizam ainda um emprego de mais qualidade.

A taxa de desocupação caiu de 8,0% no segundo trimestre para 7,7% no terceiro trimestre, menor resultado desde fevereiro de 2015, quando foi de 7,5%.

Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados nesta terça-feira, 31, pelo IBGE. Se considerados apenas trimestres encerrados em setembro, a taxa de desemprego é a mais baixa desde 2014, quando ficou em 6,9%.

“A queda da taxa de desocupação foi principalmente impulsionada pela expansão da ocupação. Há mais pessoas na força de trabalho enquadradas como ocupados”, lembrou Adriana Beringuy.

Em apenas um trimestre, mais 929 mil pessoas passaram a trabalhar, totalizando um recorde de 99,838 milhões de trabalhadores ocupados no País. Ao mesmo tempo, 331 mil brasileiros deixaram o desemprego.

A população desempregada desceu a 8,316 milhões, menor patamar desde maio de 2015. O total de inativos também diminuiu no trimestre, menos 222 mil pessoas nessa condição, totalizando 66,829 milhões fora da força de trabalho.

A atividade econômica aquecida influencia a geração de vagas em alguns grupamentos, como os mais ligados à prestação de serviços, diz a coordenadora do IBGE.

“Todo esse processo de manutenção da expansão da população ocupada, embora já tenha crescido muito no ano passado, e tem essa base de comparação desafiadora, essa manutenção da expansão da ocupação vem sendo feita através do setor de serviços”, justificou Adriana Beringuy. “As atividades de serviços observam um crescimento mais consistente”, apontou.

Entre o segundo e o terceiro trimestre deste ano, houve geração de postos de trabalho em alojamento e alimentação (36 mil), informação, comunicação e atividades financeiras, profissionais e administrativas (420 mil), administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (207 mil), construção (99 mil), comércio (134 mil), agricultura (48 mil) e transporte e armazenagem (123 mil).

“Cada vez mais as pessoas se inserem na ocupação através dos serviços, muitas delas através de carteira de trabalho assinada”, declarou. “A gente tem uma expansão da ocupação muito focalizada dentro de serviços, e o fato interessante dessa ocupação é a permanência da carteira assinada. É um movimento muito positivo nesse sentido”, reforçou.

Nas demais três atividades, houve demissões, mas as variações não foram consideradas estatisticamente significativas, porque ficaram dentro da margem de erro da pesquisa: indústria (-66 mil vagas), serviços domésticos (-25 mil) e outros serviços (-41 mil).

“As atividades econômicas não dispensaram trabalhadores. Nenhuma atividade teve queda significativa. As pessoas (trabalhadores) estão sendo retidas nas suas atividades econômicas”, explicou.

Adriana Beringuy lembrou que o crescimento da ocupação está sendo acompanhado também pelo crescimento do rendimento e pelo crescimento do trabalho com carteira assinada, “indicadores que apontam um pouco mais de aspecto de qualidade” do emprego. Renda do trabalho é parte significativa do rendimento das famílias

“Você cria ali uma espécie de ciclo virtuoso: mais pessoas trabalhando, o rendimento pode crescer, o que pode impulsionar consumo e proporcionar maior possibilidade de oferta de bens e serviços”, enumerou Adriana Beringuy, frisando ainda que a renda do trabalho é parte significativa do rendimento das famílias.

A pesquisadora lembra que a taxa de desemprego recuou de forma estatisticamente significativa por dois trimestres consecutivos, obedecendo a uma tendência sazonal de geração de vagas ao longo do ano, após a dispensa de trabalhadores temporários no primeiro trimestre. No entanto, os resultados de 2023 são melhores do que os registrados no mesmo período de 2022.

“O terceiro trimestre de 2023 apresenta taxa de desocupação menor que o terceiro trimestre de 2022 (8,7%). Há menos pessoas desocupadas do que havia um ano atrás”, disse Adriana Beringuy.

Fonte: Estadão Conteúdo

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