A estudante humilhada diante dos colegas pela diretora da escola em que estudava mudou-se de colégio depois da repercussão do caso. O momento foi registrado por alunos durante um evento que acontecia no CETI Professora Júlia Nunes, na Zona Sudeste de Teresina. Em entrevista à TV Clube, a jovem falou sobre o constrangimento que sofreu no dia 7 de agosto. A diretora foi afastada do cargo no dia seguinte ao ocorrido.
“Fiquei muito triste, nunca passei tanta vergonha na minha vida [como] naquele momento ali que eu passei. Ninguém queria tá ali. Nem eu”, disse a menina.
A mãe da aluna, que pediu para não se identificar para evitar que reconheçam a filha, se disse indignada porque segundo elas, nem a família e nem a aluna receberam qualquer apoio depois do acontecido.
“Esperava pelo menos que eles procurassem a família para falar alguma coisa, por que aconteceu, por que chegou nesse ponto. […] Se a criança estava fazendo alguma coisa de errado, o correto era chamar os pais e comunicar o que estava tava acontecendo, o que a criança tava fazendo, e não eles tomarem esse tipo de atitude”, disse a mãe.
O vídeo em questão foi feito por alunos durante um evento na escola. Diante dos colegas da adolescente, a diretora constrange a aluna porque ela teve um baixo rendimento escolar. Nas imagens, os alunos estão sentados no pátio da escola e a diretora diz que não vai chamar a menina de aluna, mas de “criatura”.
“Não adianta você chorar lágrimas de crocodilo porque logo depois você vai chorar lágrimas de sangue”, diz a diretora. A diretora diz ainda ter “quase certeza absoluta” de que a estudante será reprovada novamente e será a maior de todas. Diante da atitude da diretora, a estudante fica paralisada e chora. Enquanto os outros estudantes ficam perplexo. No vídeo, um dos alunos comenta que a atitude da diretora foi um “vacilo”.
Para o psicopedagogo Renato Mendes, a atitude da diretora vai de encontro com o papel de educador, que seria de mostrar que práticas como essa, na verdade, estão erradas. “Quando o professor comete isso, está cometendo um equívoco. Porque ele tem formação, nas universidades, de ética, de moral, para tratar dessas questões”, comentou.
Ainda segundo o psicopedagogo, o ataque pode causar alterações na personalidade da aluna, apesar de não ter sido uma agressão física. “Essa agressão simbólica é muito perniciosa também. Ela pode deixar marcas por toda a vida e ter um reflexo muito negativo na vida da pessoa”, disse.
A promotora Flávia Gomes, do Ministério Público do Piauí, comentou que a hierarquia entre os alunos e quem dirige a escola é positiva, mas deve ser exercida com responsabilidade. “É preciso haver acima de tudo o diálogo, a aceitação do outro. E nisso os educadores, nós adultos, temos essa obrigação maior”, disse.
FONTE: G1 Piauí
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