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Bolsonaro quer proteger filhos sobre fundo eleitoral, diz vice-presidente da Câmara dos Deputados

O vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PL-AM), disse que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), ao atacá-lo, “agiu claramente” para proteger os seus filhos em relação ao voto sobre o fundo eleitoral. A declaração ocorreu em entrevista à GloboNews.

 

Tanto o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ) quanto o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) votaram a favor da aprovação da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) para 2022 pelo Congresso, que fez com que o fundo eleitoral, conhecido como Fundão, voltasse ao centro do debate público brasileiro. O texto do relator, deputado federal Juscelino Filho (DEM-MA), aumentou o valor do fundo de R$ 1,7 bilhão para R$ 5,7 bilhões.

“O presidente agiu claramente para proteger os filhos, pegou muito mal para seus filhos que são as únicas pessoas do país por quem ele tem consideração, o voto a favor do fundão eleitoral”, disse Marcelo Ramos.

O vice-presidente da Câmara ainda rebateu o argumento de Eduardo Bolsonaro, que alegou ter votado a favor da LDO, mas que esperava a votação dos destaques — que não ocorreu — para se posicionar contra o valor destinado ao fundo eleitoral (veja mais abaixo).

“Meu papel é só de encaminhar, de coordenar os trabalhos. O fato incontroverso é que os filhos do presidente votaram a favor do Fundão tanto na Câmara como no Senado”, disse Marcelo Ramos.

“O membro da Câmara ainda pode dizer que queria votar o destaque e não deu porque foi simbólico, mas logo depois teve a votação no Senado e outro filho votou a favor. O presidente tem que assumir a responsabilidade dele, dos filhos e não transferir para terceiros”, completou.

Bolsonaro volta a criticar Marcelo Ramos

Depois de ontem dizer, ao receber alta do hospital onde estava internado para tratar de uma obstrução intestinal, que o Marcelo Ramos deveria ser cobrado “em primeiro lugar” pelo aumento do valorBolsonaro voltou a atacar o deputado hoje, em conversa com apoiadores.

Segundo Bolsonaro, Ramos é “insignificante” e atropelou o Regimento Interno da Câmara para não permitir que votassem em separado o dispositivo sobre aumentar o fundão eleitoral. “Agora cai para mim sancionar ou vetar. Tenho 15 dias úteis para decidir”, completou o presidente.

O aumento do Fundão contou com apoio maciço de partidos do centrão, que formam a base do governo Bolsonaro no Congresso, e de alguns partidos de esquerda.

Ontem, Marcelo Ramos, argumentou que quem encaminhou a LDO com previsão de fundo eleitoral para o Congresso foi o Executivo e quem articulou o valor foram os líderes do governo.

“Só presidi a sessão e quero lembrar que não houve protestos pelos líderes do governo nem pelo líder do partido do filho dele contra a votação simbólica. Ainda vale lembrar que nem voto nessa matéria, porque só presidi a sessão. Quem votou a favor foram os filhos dele, tanto na Câmara como no Senado. Essas palavras jogadas ao vento não vão transferir responsabilidades, presidente. Assuma as suas”, acrescentou.

O Fundão foi criado em 2017 para financiar as campanhas eleitorais depois que o STF (Supremo Tribunal Federal) proibiu as doações de empresas.

Votação nominal foi negada

Na votação no Congresso, depois de aprovada a LDO, as bancadas do Novo na Câmara e do Podemos no Senado apresentaram um destaque para retirar o trecho que amplia o fundo eleitoral. O Novo pediu votação nominal e orientação de bancada. Marcelo Ramos, que presidia a sessão, negou os dois pedidos. O destaque também foi rejeitado.

Logo depois que o destaque foi derrubado, Novo, Cidadania, Podemos, PSOL e PSL e um grupo de deputados federais, em sua maioria governistas, pediram para registrar que eram contra a ampliação do fundo eleitoral nos termos da LDO. Naquele momento, no entanto, o efeito prático deste registro já era nulo.

*Com informações da Estadão Conteúdo.

Luis Alberto

Editor geral do Portal NPM, formado em Técnico em Segurança do Trabalho pela escola Metropolitana de Cursos Técnicos. Possui ainda licenciatura em Educação Física e é estudante de bacharelado em Ciências Políticas, ambos pela UNOPAR.

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